Terça-feira, 14 de maio de 2024
Período de estiagem começa no Pantanal com rios e chuvas abaixo da média
A cota está abaixo da média histórica e pode atingir níveis críticos entre setembro e outubro, quando as chuvas, usualmente, retornam na região, que engloba o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul. Os dados de outras estações podem ser consultados no boletim de monitoramento do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Paraguai.
Essa estação chuvosa – de outubro de 2023 a abril de 2024 – foi caracterizada por um déficit no volume de chuvas, que prejudicou a recuperação da bacia. Neste mês, era esperado em torno de 57 mm para a região e foi registrado volume inferior a 3 mm. Diante deste cenário, as projeções mostram que Ladário pode atingir, no pico da estiagem, uma cota que varie entre o que ocorreu em 2020, quando foi registrado -32 cm, e o cenário mais grave observado em 2021, época em que o rio chegou a -61 cm.
“As projeções indicam que a mínima anual pode ocorrer em outubro com cota negativa. Se chover dentro da média, teremos um cenário semelhante ao ano de 2020. Caso as chuvas fiquem abaixo da normalidade, o cenário será mais grave e similar aos anos em que enfrentamos as piores secas da história do Pantanal: 1964, 1971 e 2021”, explica o pesquisador em geociências do SGB, Marcus Suassuna.
A situação tem impactos significativos no ecossistema, nas comunidades ribeirinhas, nos estados e em todo o Brasil, com repercussão também em outros países vizinhos, em especial na Bolívia e no Paraguai, que são dependentes da hidrovia Paraná-Paraguai para o comércio exterior.
Além disso, a seca severa provoca dificuldades no abastecimento de água, limitações na navegação, ampliação dos riscos de incêndios florestais e um potencial aumento do tráfego em rodovias, que danifica as estradas e eleva os riscos de mortandade de animais silvestres por atropelamento.
Projeções do SGB se confirmam
No domingo (5/5), Ladário alcançou a maior cota do ano: 1,48 m. “Esse nível máximo é significativamente baixo se comparado àquele considerado o de uma cheia normal na bacia, que é a cota de 4 m”, contextualizou o pesquisador Marcus Suassuna. A marca está a apenas 1 cm acima da cota máxima prevista pelo SGB em fevereiro, em boletim de alerta extraordinário.
Desde fevereiro, o SGB vem comunicando e emitindo alertas sobre a situação no Pantanal, a fim de subsidiar ações que possam reduzir os impactos provocados pela seca. O monitoramento é essencial para que se possa acompanhar a evolução hidroclimatológica na bacia, a fim de que se adotem medidas que possam reduzir os impactos da estiagem esperada para a região neste ano.
>>Acompanhe aqui o monitoramento do Sistema de Alerta Hidrológico da Bacia do Rio Paraguai
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