Serviço Geológico do Brasil apresenta histórico do conhecimento sobre Carajás e anuncia lançamento de novos estudos para este ano

As descobertas e estudos científicos realizados ao longo de mais de 50 anos na província mineral mais importe do país (Carajás), foram abordados em palestra ministrada pelo chefe do Centro de Geociências Aplicadas do SGB, Noevaldo Teixeira, em evento realizado na Universidade de Brasília

Desde que foram descobertos, em meados dos anos 1967, os terrenos que integram o conjunto de serras de Carajás e seu entorno, no sudeste do estado do Pará, despertam grande interesse de pesquisadores nacionais e internacionais. São mais de 50 anos de atividades prospectivas desenvolvidas pela VALE, mapeamento geológico, levantamentos geoquímmicos e geofísicos, além da publicação de centenas de teses e artigos publicados nos mais prestigiados periódicos científicos do mundo. O histórico do conhecimento sobre Carajás, que conta com contribuições do Serviço Geológico do Brasil (SGB), foi apresentado pelo geólogo Noevaldo Teixeira durante evento realizado nesta terça-feira (06) pela Universidade de Brasília (UnB).

A apresentação foi realizada a convite do Instituto de Geociências da UnB, tendo como público-alvo os estudantes de graduação e pós-graduação, integrando o ciclo de palestras e discussão sobre artigos e estudos que abordam as mineralizações da Província Mineral de Carajás. Acumulando mais de 35 anos de experiência no setor mineral, atuando em instituições públicas e empresas privadas, Noevaldo Teixeira participou de algumas descobertas minerais de níquel, cobre, ouro. Há 10 anos integra o corpo técnico do SGB, onde chefia o Centro de Geociências Aplicadas (CGA), e fala com propriedade sobre a região de Carajás, sendo autor de artigos científicos que discorrem sobre a evolução geológica e as mineralizações da província.

Aos estudantes, Teixeira apresentou mapas e dados, fazendo um resgate histórico mostrando o que se sabe desde o 31 de julho de 1967, data que marca a descoberta da região. A palestra foi gravada e será disponibilizada no canal do Serviço Geológico do Brasil no Youtube por meio do link: www.youtube.com/@tvsgbgovbr

Contribuições do SGB à província

O SGB desenvolve, há anos, um trabalho fundamental às novas descobertas na região, favorecendo a busca por depósitos minerais ainda não descobertos. Os mapeamentos geológicos e levantamentos básicos, geoquímicos e geofísicos, e estudos sobre a potencialidade realizados pelo SGB contribuem para o desenvolvimento socioeconômico da região, o que pode atrair empreendimentos e investimentos no setor mineral. Além disso, os municípios do entorno de Carajás se beneficiam com a possibilidade de geração de emprego e renda para as comunidades locais.

Entre as centenas de estudos já realizados, o SGB contabiliza mais de dez publicações científicas já disponibilizadas, que resultam de projetos coordenados e executados pela Diretoria de Geologia e Recursos Minerais (DGM), entre atlas geofísico, cartas de anomalia, mapas de integração geológica e uma série de relatórios técnico. Todos os trabalhos estão disponíveis para consulta no Repositório Institucional de Geociências (RIGeo) do SGB e, em breve, estarão reunidos em uma mesma página on-line atrelada ao endereço www.sgb.gov.br, facilitando a localização dos estudos.

Há, ainda, projetos desenvolvidos por pesquisadores da Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial (DHT), incluindo levantamentos geoquímicos e sobre a geodiversidade da região. E não para por aí: no último mês, o SGB publicou o Atlas Geofísico do Setor Leste e anuncia o lançamento de novos estudos para este ano, incluindo o Atlas Geoquímico, o Levantamento Geoquímico sobre a Atividade Minerária, a Nota Explicativa sobre a Geologia do Setor Aiquiri e a Avaliação do Potencial Geoeconômico.

Por que Carajás é tão importante?

Para explicar por que Carajás é tão especial, Noevaldo Teixeira aponta que a província é a primeira produtora mundial de ferro de alto teor e a segunda mais importante para depósitos de cobre e ouro do tipo IOCC (óxido de ferro, sulfetos de cobre e ouro), com produção adicional significativa de manganês e níquel. Sua produção mineral contribui com bilhões de reais anualmente para a pauta de exportação, geração de empregos e desenvolvimento regional, constituindo um exemplo mundial de atividade mineral sustentável.

Os terrenos de Carajás e seu entorno possuem cinco sistemas minerais distintos, permitindo aos pesquisadores estudarem como são formados importantes depósitos minerais de ferro, cobre, ouro, níquel, cromo, estanho e elementos do grupo da platina. Os aspectos referentes a maneira e o porquê os depósitos minerais de Carajás são tão particulares ainda não estão plenamente estabelecidos.

Segundo ressalta o chefe do Centro de Geociências Aplicadas do SGB, o entendimento científico pelo qual os depósitos minerais de Carajás foram formados podem fornecer novas ideias exploratórias contribuindo para que as empresas possam descobrir novos depósitos minerais na região. Para Noevaldo Teixeira, o Brasil precisa aumentar o seu fluxo de descobertas minerais, sendo necessária a atração de capitais para a fase de exploração e pesquisa. O geólogo enfatiza que, para manter o setor mineral brasileiro robusto, é preciso colocar em produção novos depósitos minerais. Para isso, complementa Teixeira, os trabalhos geológicos básicos do SGB e o debate científico com todos os envolvidos se tornam obrigatórios.

Lucas Alcântara
Núcleo de Comunicação
Serviço Geológico do Brasil
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